POEMA LÁGRIMAS DA LAMA
Lá vem a lama
De Mariana
De Brumadinho
Quer sair de Minas
Deixar seu ninho
Cadê o Brasil?
É a lama da ganância
Lama da vergonha
É a lama que humilha
Lama que mata, que mata!
É a lama de quadrilha
Cadê o Brasil?
Já engoliu o rio Doce
Misturou-se ao Paraopeba
Quer encontrar o velho Chico
Rastro de mortes
Nesse roteiro impudico
Cadê o Brasil?
É a lama da ganância
Lama da vergonha
É a lama que humilha
Lama que mata, que mata!
É a lama de quadrilha
Cadê o Brasil?
Soterrou construções
Sem fauna e nem flora
Terra arrasada
Natureza morta
Gente indignada
Cadê o Brasil?
É a lama da ganância
Lama da vergonha
É a lama que humilha
Lama que mata, que mata!
É a lama de quadrilha
Cadê o Brasil?
José’s e Maria’s sufocados
Fins de vidas e sonhos
Por rejeitos derretidos
Viúvos e órfãos
Mulheres sem maridos
Cadê o Brasil?
É a lama da ganância
Lama da vergonha
É a lama que humilha
Lama que mata, que mata!
É a lama de quadrilha
Cadê o Brasil?
Chega de lama
De Mariana, de Brumadinho
Lama de Minas
Lama disfarçada
Em mãos assassinas
Cadê o Brasil?
É a lama da ganância
Lama da vergonha
É a lama que humilha
Lama que mata, que mata!
É a lama de quadrilha
Cadê o Brasil?
Justiça,
Um clamor chama por ti
E os culpados?
Dois pesos e duas medidas?
Andas realmente de olhos vendados?
Acorde, Brasil!
J. Maria