MENOS, FAGNER!

domingo, 01 de dezembro de 2019

Soneto. É um poema composto por 14 versos: quatro estrofes, sendo as duas primeiras de quatro versos cada uma, e as duas últimas de três versos. Vem do italiano ‘sonetto’, pequeno som. Ao longo da história, houve apenas modificação na disposição das rimas, sem mudança de encanto. Tem quase a intensidade e profundida de um livro. Alguns dos mais célebres sonetos: “Via Láctea”, Olavo Bilac. “Fidelidade’, Vinicius de Moraes. “Amor é fogo que arde sem se ver”, Camões. “Versos Íntimos”, Augusto dos Anjos. E há tantos outros igualmente belos. Um deles deu uma grande polêmica, “Fanatismo”, de Florbela Espanca: “Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida…”, plagiado pelo cantor e compositor Raimundo Fagner, que, aliás, andou plagiando muita gente: ‘Você’, de Heckel Tavares, Fagner mudando o título, ‘Penas do Tiê’, e mais: ‘Canteiros’ e ‘Motivo’ são composições apontadas como cópias de texto de Cecília Meireles. Abaixo, seguem uns Sonetos (sem plágio) de nossa lavra, que espero os reunir em um livro com meus artigos, crônicas, poesias, composições e pensamentos.

A dura realidade da vida nos esmaga os sonhos, mas é preciso tê-los, ou estaremos mortos.

 

Ossos da Existência – Soneto

O dia começa: acordar e cair na estrada
A mesma luta, labuta, compromisso assumido
Por todo o sempre, esse é o destino, longa caminhada
Como sina da vida, nasceu-se assim, comprometido

Quem dera fugir a esse encontro, enredo
Fardo pesado, incessante, cobrança
Realidade amarga, sentida, vivida em segredo
Por vezes se perdendo a esperança

E nesse estado amargo de vivência
Condição da vida, lhe impusera
Segue o homem sua trajetória de existência

Pouco riso, muito choro – resumindo
Vai se morrendo um pouco todo dia
E de uma vez ao dia findo

 

Soneto de Resignação

Doce vida, desejada, perfeita
Procuro-a, mas desde sempre em vão
Não que seja ateu, caminhando em qualquer seita
Talvez quem saiba, sem o uso da razão

Pobres dias, preso em teia
Eternos dias escuros, coisas assim
Fora de mim, vejo alegria, vida cheia
‘Então a quero’, digo a mim

Devo ter nascido torto
Súplicas, desejos, quimeras
Nada de vida, tudo de morto

Concluo, então: – tenho irmão
Mesma vida não vivida, nunca inteira
Deus diz ‘sim’, também ‘não’

J. Maria

Postado Por: Paulo Fernando