HOMEM PRESO POR MANDAR CERVEJA E DINHEIRO PARA SECRETÁRIO DA FAZENDA É EMPRESÁRIO E PARTICIPOU DE REUNIÃO SOBRE INSTALAÇÃO DE FÁBRICA
A tentativa de suborno ao secretário da Fazenda de Pernambuco (Sefaz), Wilson de Paula, foi praticada por um empresário do setor de bebidas que negociava com o Governo do Estado isenções fiscais para a instalação de uma fábrica de cerveja.
O homem, que não teve o nome divulgado, tem uma distribuidora de bebidas na Região Metropolitana do Recife (RMR).
A informação foi repassada, nesta sexta (19), pelo secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho, além do chefe da Polícia Civil, Renato Rocha, horas depois da divulgação da prisão desse homem.
Como foi
Em entrevista coletiva, na sede da SDS, no bairro de Santo Amaro, na área Central do Recife, Carvalho disse que o empresário levou pessoalmente a caixa de cerveja com R$ 49.996 para o prédio do secretário e deixou na portaria.
Imagens do circuito de câmeras do edifício do secretário gravaram a movimentação, nesta quarta (17). Foi por meio dessas imagens que a polícia conseguiu identificar o suspeito, já que o secretário foi consultado e confirmou que o homem participava da reunião de negociações com a Sefaz, que aconteceu no início desta semana, na sede da pasta, que fica no Centro do Recife.
Quando viu que na embalagem havia uma sacola com dinheiro, Wilson de Paula ligou diretamente para Alessandro Carvalho para relatar o ocorrido e solicitou que as medidas fossem tomadas.
Nesta mesma semana, o homem, que não teve o nome divulgado, participou de uma reunião para tratar da instalação da fábrica. Segundo informações extraoficiais, a fábrica seria da cervejaria Império.
“Eu recebi uma ligação do secretário Wilson de Paula, na quarta, por volta das 13h30, me informando que havia chegado em casa e que tinha um presente para ele que seria uma caixa de cerveja, ele recebeu e levou para o apartamento. E ele constatou que dentro da caixa havia uma sacola e uma grande quantidade de cédulas de dinheiro e me relatou.
O que a gente apurou é que nesta semana houve uma reunião entre uma empresa de cerveja que pretende se instalar em Pernambuco para negociar possíveis incentivos fiscais.
No dia seguinte ele recebeu esse dinheiro. E não há outra conclusão que essa caixa seria uma mensagem de que essa negociação poderia fluir fora da regularidade, em razão da promessa da entrega daquele recurso, ou até de mais.
Então diante das diligências realizadas desde o primeiro momento, prendemos a pessoa que entregou pessoalmente a caixa e foi uma das pessoas que participou da reunião na Sefaz”, contou o titular da SDS, Alessandro Carvalho.
O suspeito foi preso nesta quinta (18), saindo do trabalho, no bairro de Piedade, em Piedade, Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, e passará por audiência de custódia nesta sexta (19).
Carvalho disse que ele ficou em silêncio durante o depoimento à polícia. Ele foi autuado por corrupção ativa.
O celular dele foi apreendido e será periciado pelo Instituto de Criminalística (IC).
Agora, com a instauração do inquérito, a Polícia Civil pretende intimar outras pessoas que participaram da reunião com o secretário da Fazenda, Wilson de Paula, para prestar depoimento.
A polícia não descarta que outras prisões aconteçam no curso das investigações.
Reação
A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, se pronunciou sobre o caso nas redes sociais, dizendo que seu governo não tolera atos de corrupção.
“A corrupção é o maior símbolo da velha política. Da política que ficou para trás. Do tipo política que estamos mudando. Nosso governo não tolera atos de corrupção e demonstra isso com atos”, afirmou a gestora.
“Parabéns à polícia e ao nosso secretário, pela ação rápida que garantiu a prisão de um criminoso que agora será julgado pela Justiça. A polícia seguirá com as investigações para que todos os responsáveis sejam punidos”, acrescentou.
Pena
Art 332 do Código penal Brasileiro diz que a corrupção ativa fica configurada quando alguém solicita, exige, cobra ou obtém, para si ou para outro (s), vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função.
A pena para esse crime é de reclusão de dois a cinco anos, além de multa.
(Com informações do Diário de Pernambuco)